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Uma peça-celebração / crítica do espetáculo Carta a um Jovem Ator

  • Pedro Alonso
  • 7 de out. de 2019
  • 2 min de leitura

*A convite do canal Artéria Arte e Circulação


Carta a um jovem ator, solo que João Vithor Oliveira apresentou no teatro do Planetário da Gávea integrava o projeto Memória Domingos Oliveira, um tributo ao dramaturgo, diretor e ator, cujo olhar filosófico transformava o conflito de seus personagens numa celebração à vida.


Numa pegada autoficcional, o texto é estruturado a partir dos sonhos, desejos e frustrações de um típico jovem da zona sul carioca: João, sobrinho-neto de Domingos, cria coragem para convidá-lo a trabalhar juntos numa peça em que acabara de adquirir os direitos autorais. Nesse ínterim, surgem os relatos do namoro com uma colega do teatro, os sonhos e desilusões de construírem uma vida a dois, as discussões com sua mãe e a vontade de sair de casa e ter seu próprio espaço.



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A dramaturgia adquire interesse quando conseguimos saborear as referências que são características do criador de Todas as Mulheres do Mundo: nos filmes que o projetaram, na década de sessenta, por exemplo, havia um frescor da juventude, uma vontade de viver e de querer ser feliz. Não tem como não pensar em Paulo José e Leila Diniz quando João cita o momento da transa com a garota, quando a observa deitada e diz que gostaria que aquele momento fosse eternizado para sempre.


João Vithor Oliveira está muito a vontade em cena para falar do homem que inspirou aquele trabalho, para uma plateia conhecedora, talvez, da maior parte da obra, naquele teatro que foi, por anos, a extensão do quintal da casa dele. Sua atuação é bastante segura e sugere que aquele jovem em cena poderia ser um dos personagens dos filmes de Domingos, procurando pelo amor na praia em meio à angústia e a inquietação de viver o presente.


A quantidade de areia que cai de um dispositivo, estabelecendo ali o canto da praia, é um elemento cênico de forte impacto visual. O microfone só reforça que o diálogo de João é com a plateia, pacto que é reforçado desde o início da peça. Os movimentos de luz explodem numa dinâmica ágil nos momentos de maior emoção do personagem. Tiago Herz deixa João Vithor a vontade em cena para explorar as formas afetivas de materialização do relato, amarrando com competência as cenas de transição.


A Gávea, o Leblon, aquele universo muito íntimo de todos os envolvidos no espetáculo, direta ou indiretamente, é celebrado no final, quando o palco se transforma numa sala de exposição com fotos da carreira de Domingos Oliveira e a festa acontece, reconciliando o teatro, a filosofia e a classe média.


Para Artéria


 
 
 

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